Certa vez João Ubaldo Ribeiro escreveu: "Os números nos intimidam desde a escola primária e qualquer embusteiro se aproveita disso para declarar que 8.36% (quanto mais decimais, melhor) de alguma coisa são isso ou aquilo e ver esta assertiva ser recebida reverentemente, como se não fosse possível desconfiar de tudo, da coleta dos dados, às categorias empregadas e os cálculos feitos. Média, então, é uma festa e eu sempre penso em convidar o dr. Bill Gates para morar em Itaparica e me transformar em nativo do município de maior renda média do Brasil, cuíca do mundo."
Tratamos aqui de contextualizar e explicar brevemente de onde tiramos os números que publicamos na última edição da revista.
EDIÇÃO #17

Os dados são da World Health Organization (WHO). Segundo pesquisa divulgada pela WHO em maio de 2013, mais de 270 mil pedestres morrem no mundo a cada ano. O índice equivale a 22% das 1,24 milhão de mortes ocorridas no trânsito anualmente.
Homens são a maioria entre os pedestres mortos e feridos em acidentes. Nos países mais ricos, os idosos estão em maior risco, enquanto nos mais pobres crianças e jovens são a maioria na estatística. É verdade, porém, que os países subdesenvolvidos costumam ter uma população mais jovem.
A própria organização indica medidas que poderiam reduzir estes números. Leis mais rígidas no controle da velocidade, fiscalização severa contra motoristas embriagados ou ao telefone, melhora na sinalização, restrição de acesso dos veículos a zonas centrais da cidade e criação de novos designs para os carros – com frentes mais macias, por exemplo – estão entre as propostas.
Estatísticas das cidades dos carros: mais de 5 mil pedestres são mortos toda semana no mundo.

Segundo o site Transparência na Copa, da prefeitura de Porto Alegre, as obras
para a Copa do Mundo em Porto Alegre estão divididas em dez grandes grupos. Para
a montagem dessa estatística, desconsideramos o “Monitoramento Operacional de Corredores”, nos atendo apenas às obras nas ruas da cidade, que, afora as generalizações da prefeitura, são essas:
- BRT Protásio Alves;
- duplicação da avenida Edvaldo Pereira Paiva;*
- obras na Avenida Padre Cacique;*
- prolongamento da avenida Severo Dullius;*
- passagem subterrânea viária avenida Ceará sob avenida Farrapos;*
- passagem subterrânea viária rua Anita Garibaldi sob avenida Carlos Gomes;*
- passagem subterrânea viária avenida Cristóvão Colombo sob avenida Dom Pedro II;*
- viaduto rua Salvador França/avenida Aparício Borges x avenida Bento Gonçalves;*
- viaduto avenida Augusto Meyer/avenida Carlos Gomes x avenida Plínio Brasil Milano;*
- duplicação da avenida Tronco;*
- implantação de corredor de ônibus na Tronco;
- viaduto no Complexo Rodoviário;*
- estação de transporte coletivo no Complexo Rodoviário;
- BRT João Pessoa;
- duplicação Voluntários da Pátria;*
- BRT Bento Gonçalves.
Com base nesses números, avaliamos que 11 de 16 obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo em Porto Alegre, ou 68,75%, são pensadas para o carro. São as assinaladas com um asterisco.
Duplicações, viadutos, passagens subterrâneas: 68,75% das obras para a Copa do Mundo em Porto Alegre são pensadas para o carro.


A gestão de Valter Nagelstein na SMIC (Secretaria da Produção, Indústria e Comércio de Porto Alegre) deixou sua marca: 25% dos estabelecimentos da Cidade Baixa foram interditados em novembro de 2011.
Em meados de novembro de 2011, a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) de Porto Alegre fechou 22 bares no bairro
boêmio da cidade. A Cidade Baixa
contava na época com 86 bares e restaurantes

No universo de 4.359 detentos do Presídio Central de Porto Alegre, apenas 9 têm curso superior.
A informação é do juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre e Região Metropolitana, Sidinei Brzuska. Até o dia 29 de abril deste ano, o Presídio Central de Porto Alegre tinha nove presos com curso superior, em um universo de 4.359 detentos, o equivalente a 0,2%. Dados de 2009, do Ministério da Justiça, apontam que apenas 0,37% dos presos brasileiros tinham pelo menos curso superior completo.

Uma em cada cinco grávidas brasileiras tem entre 15 e 19 anos.
Um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2011 aponta que 18,4% dos nascidos vivos têm mães menores de 19 anos. Em 2011 nasceram 2.824.776 crianças, sendo 498.365 filhos de mulheres entre 15 e 19 anos, e 21.859 com mães mais jovens ainda. Arredondando, a média é de uma mãe adolescente a cada cinco.
Esta é a mais recente estatística sobre o assunto e aponta uma redução de 3,2% no número de mães na faixa etária 15-19 anos em uma década. Já a taxa de nascidos com mães entre 30 e 34 anos passou de 14,4% em 2001 para 18,3% em 2011.
É importante salientar que os dados do IBGE consideram apenas nascidos vivos. Portanto, quando dizemos que aproximadamente 20% das grávidas são adolescentes, não entram em nosso cálculo natimortos e mulheres que tenham abortado.

Mais de 60% das mortes por armas de fogo nos Estados Unidos são suicídio.
“Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, cerca de 19 mil das 31 mil mortes por armas de fogo que acontecem anualmente nos Estados Unidos, ou 61,3%, são suicídios.”
Pistolas e fuzis assustam as autoridades: 85% das tentativas de suicídio com essas armas resultam em morte, enquanto apenas 2% daqueles que tentam se matar com comprimidos conseguem.
Em entrevista à BBC, Catherine Barber, diretora do Means Matter, projeto da Universidade de Harvard que estuda o papel das armas de fogo nos suicídios, explica que a disseminação das armas nos EUA torna o suicídio mais fácil. Quem quer tirar sua própria vida pouco planeja como, e, se o método escolhido é a arma, a chance de se arrepender antes é pequena. Os pensamentos suicidas não costumam durar muito tempo, explica.
Nos estados americanos em que há mais pistolas e fuzis ocorrem mais suicídios.