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EDIÇÃO #20

Certa vez João Ubaldo Ribeiro escreveu: "Os números nos intimidam desde a escola primária e qualquer embusteiro se aproveita disso para declarar que 8.36% (quanto mais decimais, melhor) de alguma coisa são isso ou aquilo e ver esta assertiva ser recebida reverentemente, como se não fosse possível desconfiar de tudo, da coleta dos dados, às categorias empregadas e os cálculos feitos. Média, então, é uma festa e eu sempre penso em convidar o dr. Bill Gates para morar em Itaparica e me transformar em nativo do município de maior renda média do Brasil, cuíca do mundo."

 

Tratamos aqui de contextualizar e explicar brevemente de onde tiramos os números que publicamos na última edição da revista.

Os dados são de pesquisa da Pew Research de 2014 e mostram que quase nenhum país aceita a espionagem estadunidense. Já nos EUA, 65% são favoráveis à prática.

A mesma pesquisa aponta também que entre os países que mais perderam a confiança nos EUA quanto à proteção da liberdade individual estão Brasil e Alemanha. As chefes de estado de ambos os países foram espionadas pela NSA.

81% das pessoas acham inaceitável que os EUA espionem cidadãos de seus países. A pesquisa foi feita em 43 nações. Já 73% acham inaceitável que os EUA espionem seus líderes.

15 minutos: Esse é o tempo que o transporte coletivo tem de ser mais rápido que o carro para que o brasileiro deixe o seu automóvel na garagem.

 

É a mesma pesquisa sobre o tempo do Ibope que afirma que 15 minutos de economia, nas mesmas condições de conforto (sentado/sem fila), é o que o metrô precisa oferecer para que os brasileiros deixem de usar o carro.

85% dos clubes brasileiros de futebol jogam por menos de seis meses.

 

De 684 clubes brasileiros, 583 não têm calendário anual. O desenvolvimento do futebol no país é atrapalhado pelo calendário, que atrapalha a autossuficiência financeira e esportiva das equipes pequenas – limitadas aos campeonatos estaduais – e o alto rendimento das equipes maiores, que não têm uma pré-temporada adequada devido ao grande número de jogos.

Os dados são do Bom Senso FC.

O Brasil é o segundo país que mais desmata no mundo. Em 2012, perdemos 460 mil hectares de massa florestal. O primeiro lugar ficou com a Indonésia, que desmatou cerca de 840 mil hectares no mesmo ano.

 

 

O relatório da revista Nature Climate Change aponta que a Indonésia tomou de nós o primeiro lugar, já que, desde os anos 2000, enquanto na Amazônia, a perda florestal decaiu para uma média anual de 113.800 hectares, no país asiático ela aumentou em 47,6 mil hectares a cada ano. Ainda assim o desmatamento no Brasil é grande: é como se em 2012 (último ano do qual se tem dados) tivéssemos perdido 9 vezes a área de Porto Alegre ou ainda 3 vezes a da capital paulista.

A Polícia Militar mata pelo menos cinco pessoas por dia no Brasil. 69% dos brasileiros não confiam na polícia.

 

Cinco pessoas morrem vítimas da ação policial no Brasil todos os dias. É o que diz o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2012, ao menos 1.890 vidas foram tiradas pelas polícias civis e militares. A mesma pesquisa diz que sete a cada dez brasileiros não confiam na corporação

As eleições de 2014 terão 40% mais candidatos pastores que as de 2010.

 

As eleições de 2014 terão 270 candidatos declarados pastores, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Em 2010, eram 193. O crescimento é de 40%. Ainda são candidatos 32 bispos e 16 padres, ambos os números bastante inferiores que os de 2010.

1/3 dos brasileiros comprariam tempo, se pudessem – e pagariam, em média, R$ 50,00 por uma hora a mais no dia.

 

Uma pesquisa do Ibope do início de 2014 traz dados interessantes sobre a relação do homem moderno e o tempo. Segundo o instituto, um terço dos brasileiros comprariam tempo, se pudessem pagar. Quanto desembolsariam  por uma hora a mais no dia? Em média, R$ 50. Se a hora extra fosse de folga, então, ficaria ainda mais valorizada: R$ 85.

O Mapa da Violência de 2014, organizado pelo governo federal, aponta a cor dos homicídios no Brasil. Segundo o estudo, entre 2002 e 2012, houve queda dos homicídios brancos (-24,8%) e aumento dos homicídios negros (+38,7%). Tomando em consideração as respectivas populações, as taxas brancas caem 24,4% enquanto as negras aumentam 7,8%. Com isso, o índice de vitimização negra total passa de 73% em 2002 (morriam proporcionalmente 73% mais negros que brancos) para 146,5% em 2012, o que representa um aumento de 100,7% na vitimização negra total.

Em 2012, morreram, vítimas de homicídio, 146,5% mais negros que brancos.

// minirreportagens

Revista Bastião | Porto Alegre | 2014

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