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Certa vez João Ubaldo Ribeiro escreveu: "Os números nos intimidam desde a escola primária e qualquer embusteiro se aproveita disso para declarar que 8.36% (quanto mais decimais, melhor) de alguma coisa são isso ou aquilo e ver esta assertiva ser recebida reverentemente, como se não fosse possível desconfiar de tudo, da coleta dos dados, às categorias empregadas e os cálculos feitos. Média, então, é uma festa e eu sempre penso em convidar o dr. Bill Gates para morar em Itaparica e me transformar em nativo do município de maior renda média do Brasil, cuíca do mundo."

 

Tratamos aqui de contextualizar e explicar brevemente de onde tiramos os números que publicamos na última edição da revista.

EDIÇÃO #19

Entre 2001 e 2012, a frota de automóveis cresceu três vezes mais que o número de passageiros de ônibus em Porto Alegre.

 

Nesse período, houve um aumento de 2,14% na média mensal de usuários do transporte público de Porto Alegre (26.815.743 em 2001; 27.392.236 em 2012), enquanto o aumento na frota total de automóveis (carros, caminhões, motocicletas, ônibus e utilitários) foi de 6% (544.084 em 2001; 576.927 em 2012).

 

Na partida entre Grêmio e Newell’s Old Boys, dia 13 de março na Arena, o preço médio do ingresso era de R$134. Esse valor equivale a 18,23% do salário mínimo brasileiro.

 

Para o cálculo foram considerados os "preços normais" dos ingressos e o salário mínimo nacional vigente.

 

R$57 milhões em impostos são sonegados a cada hora no Brasil. Até 22 de março, mais de R$120 bilhões já haviam sido sonegados em 2014. Com o montante, seria possível pagar 5,8 milhões salários anuais de professores do ensino fundamental, de acordo com o piso do Ministério da Educação.

 

A fonte é o Sonegômetro, do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, consultado em 22 de março.

92% dos brasileiros acreditam que há racismo no Brasil. Apenas 1,3% se considera racista.

 

A pesquisa é do Instituto Data Popular e foi divulgada em março.

A ocupação de empregada doméstica tem os piores rendimentos da população ocupada feminina.

Em 2011, estas trabalhadoras acima de 16 anos de idade tinham o rendimento médio de R$ 506,02 – abaixo do salário mínimo –, e as negras, embora sejam a maioria das domésticas, recebiam ainda menos que as brancas: rendimentos médios de R$ 476,76 contra R$ 551,79, respectivamente.

Os dados são do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (2013).

A mulher negra é a profissional mais desvalorizada no mercado de trabalho.

Uma mulher branca com 12 anos ou mais de estudo ganha R$19,30 por hora trabalhada. Uma mulher negra com o mesmo tempo de estudo ganha R$15. Um homem branco com 12 anos ou mais de estudo recebe R$29,20 a cada hora de trabalho. Um homem negro com o mesmo tempo de estudo recebe R$23,20.

Os dados são do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (2013).

As mulheres não são reconhecidas. O Prêmio Anual Executivos de Valor elege, todos os anos, os melhores profissionais em 20 setores da economia brasileira. Nos últimos seis anos, 140 prêmios foram distribuídos. Deles, apenas três foram para mulheres.

81% dos homens acha inaceitável que a mulher fique bêbada. Os dados são de pesquisa do Instituto Avon de 2013. O estudo também mostra que 69% dos homens não aceita que a mulher saia com amig@s sem a presença do marido. 46% vê acha inaceitável que a mulher use roupas justas e decotadas. 

As mulheres não têm voz no cinema. Entre 2006 e 2011, apenas 28% dos personagens de filmes infantis eram femininos. A pesquisa é do Instituto Geena Davis.

91% dos funkeiros e 86% dos ouvintes de música gospel acreditam que estarão melhor economicamente em um ano.

 

Estes são os estilos mais identificados com as classes D e E, segundo pesquisa do Ibope. Porém enquanto o funk está relacionado com o público mais jovem, o ouvinte de música gospel é normalmente mais velho. 38% dos funkeiros também ouvem música religiosa, e 22% dos que ouvem música religiosa escutam funk.

É provável que a relação entre o ritmo musical e a expectativa da mehoria de vida esteja relacionada com a classe social a qual pertencem os ouvintes, já que somente na última década mais de 39 milhões de pessoas entraram na classe média.

 

// minirreportagens

Revista Bastião | Porto Alegre | 2014

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